No ano de 1977, Antônio de Souza desembarcou em Curitiba vindo do Norte do Paraná e fincou raízes no Sítio Cercado, importante bairro da Zona Sul da capital paranaense. De lá para cá, o apaixonado por futebol ajudou a construir a história da Arbesc, Associação Recreativa, Beneficente Esportiva Sítio Cercado, uma das equipes mais destacadas do cenário do futebol amador local nos anos 90. Hoje com 62 anos, o homem que se tornou em líder comunitário relembra com alegria os tempos em que dirigiu o clube tricolor. “Nunca fui muito bom de bola mas sempre gostei de futebol. Quando cheguei em Curitiba logo comecei a fazer amizades e formamos uma equipe de futebol chamada América, com o pessoal de Curitiba mesmo e um pessoal que veio do Norte do Paraná. E daí me colocaram como presidente e sempre com uma força de vontade para fazer acontecer. Com aquela equipe, fomos jogar em diversas cidades, como Paranavaí e Campinas, interior de São Paulo”, conta Souza, explicando a origem da Arbesc, que posteriormente foi fundado em 23 de maio de 1993 e se filiou à Federação Paranaense de Futebol em 1998. A equipe mandava seus jogos em um campo conhecido como “Campo do Souza”, formado em 1978. Quando a Prefeitura de Curitiba passou a implantar o Eixo do Trabalhador naquela região, Souza teve de se reunir com o então prefeito Jaime Lerner e com o presidente do Ippuc na época, Cássio Taniguchi, para que o local não fosse afetado. A solicitação foi acatada.
Em 1999, o clube foi campeão da 2ª Divisão de Amadores após empatar sem gols com o Santíssima Trindade. Este foi o primeiro troféu da equipe como clube federado. A Arbesc ainda venceu uma competição de juniores em 2000, 2007 e 2009, e na categoria juvenil em 2005, de acordo com relato de Souza.
Mas logo após a primeira conquista, a Arbesc teve que deixar o local onde mandava seus jogos. “Em 2000 acabou o campo, porque houve uma briga com uma família que se dizia dona de uma área. Em uma briga judicial acabamos perdendo o campo. De 2000 a 2014 o time foi filiado sem campo”, disse Souza.
Para o desportista, os problemas são deixados de lado por conta das boas lembranças que alimentou durante o tempo como dirigente. “O trabalho sempre foi árduo mas bastante gratificante. Aqui na região sul temos uma gama de pessoas que gostam de futebol, garotada boa de bola”, conta. Além disso, Souza se emociona ao lembrar que a Arbesc teve papel fundamental na história de toda sua família. “ O que mais mexe comigo até hoje é uma coisa muito importante na minha vida, que foi ver meus dois filhos jogando futebol. Meu filho mais velho foi campeão em 99. É muito marcante, era um companheiro que ajudava”, relatou de forma muito emocionada. ‘Foi um legado muito importante para mim como pai e como presidente”, destacou o pai de Joelson, já falecido, Jackson e Tais, e avô de sete netos.
Projetos futuros
Apesar da Arbesc estar desfiliada desde 2015, Souza segue trabalhando com o esporte e espera em breve retomar alguns dos projetos que mantinha quando tocava o clube. “Tem um campo aqui que, se Deus quiser, vamos transformar. O antigo campo do Zé Pitoco. Vamos fazer um estádio e fazer um trabalho social com as crianças, com os idosos”, afirmou o desportista, que será candidato a vereador na Capital. Outro espaço que Souza vê como muito útil à comunidade é a cancha de futebol de areia Júlio César Garcia dos Santos, nomeada assim em homenagem a um ex-atleta da Arbesc, também campeão em 1999, que faleceu em 2009. Essa cancha foi restaurada pela Prefeitura através de solicitação de Souza. Outro ponto que Souza gostaria de ver no futuro é uma mudança no panorama do futebol amador. “Vou te falar: a FPF depois que entrou a atual gestão, só dificultou as coisas para os clubes amadores. O amador perdeu aquela essência de amador, entende? Veja que na região sul tinha vários clubes: Rio Negro, Osternack, Expressinho, Boqueirão. Foram esmagando esses clubes que não tinham dinheiro, sem espaço para jogar. Hoje um time amador tem que pagar 20 mil ‘reais para filiar. Como vai fomentar o futebol amador?”, se questiona.